Dizem, para cada momento sempre há uma música que nos acompanha. Um dia me deparei com uma música que não escutava há pelo menos seis meses. Eis que quando ela começou a mostrar seus primeiros acordes, bateu uma sensação estranha, um vazio, uma estranheza, um reconhecimento, ou apenas nostalgia. Nostalgia, nostalgia, mesmo, não poderia ser; não era exatamente um bom sentimento de recordação, mas algo que eu reconhecia, que realmente havia sentido há seis meses. O momento que vive acendeu na minha mente e o que eu pensava antes estava lá, entregue a mim; o que eu sentia, com o que me preocupava e, logo, o que eu escutava para sarar esses sentimentos ruins.
Entre a música e a minha mente, o que restou mesmo foi aquela sensação, que estará sempre presa na memória quando eu voltar a escutar. Posso esquecer, posso fugir, mas um dia, quando a música começar a tocar eu vou lembrar de tudo que senti. Essas músicas que revelam segredos esquecidos, entregam o jogo logo de cara e me fazem perder o chão porque rememoram momentos e sentimentos que eu me recuso a lembrar. Se isso é bom, bem, não sei. Só percebo a estranheza que é reconhecer uma sensação com canções que ouvi um dia, na inocência, achando que iria me curar do mal que me atingia em determinada época. Mas o que eu não sabia era do fardo de guardar o sentimento em uma música. O mal de fazer isso é tê-la sempre presente, pronta para acordar no primeiro soar da melodia...